A cura do paralítico de Cafarnaum - Parte 1



Milagre : A cura de um  paralítico - Cafarnaum

Tema : Superando os Limites
O absurdo é a razão lúcida que constata os seus limites.  Albert Camus
Textos ; Mateus 9.1-8; Marcos 2.1-12; Lucas 5.17-26

É imprescindível que tenhamos o conhecimento do contexto histórico e profético deste milagre para que possamos entendê-lo. Talvez este seja um dos pontos mais marcantes da caminhada de Cristo na terra. Todos agora estão de olho em Jesus, ele é fonte de todas as expectativas aguardadas. Mas para muitos um motivo de investigação minuciosa.

Acompanhe cada parte deste milagre extraordinário. 
  1. Jesus vai superar os seus limites
  2. Os amigos do paralítico vão superar os seus limites
 1º - VAMOS ANALISAR O FUNDO HISTÓRICO

1.  Segundo alguns teólogos e biblicistas, ao analisarmos estes textos, precisamos ter em mente que já faz mais de um ano que Jesus já havia iniciado o seu ministério. O desenvolvimento do ministério de Jesus é crescente a cada dia. O nome de Jesus e os milagres que ele fazia começaram a ser espalhado em todos os lugares de Israel. As aldeias, as vilas as cidades todos começavam a espalhar as notícias sobre o que estava acontecendo através da vida do carpinteiro de Nazaré. Jesus exerceu a profissão de seu pai José e como carpinteiro com certeza foi um exímio profissional, mas o seu propósito ia muito além de uma simples carpintaria, Jesus veio para buscar e salvar todo aquele que se havia perdido.

2.   Jesus neste período estava morando em Cafarnaum na região da Galiléia, segundo Josefo os galileus eram tidos como enérgicos e trabalhadores. A Galiléia não possuía grandes cidades, todavia era densamente povoado, um povo agrícola pouco preocupado com o luxo estampado pelos seus dominadores. Uma região fértil onde abundava muitas águas e frutos, como das vinhas, figueiras, tamareiras, romãzeiras, macieiras e etc...

3.   Esse povo encantador morava em um belo país que foi transformado pelo empobrecimento que passou depois de tantas batalhas, e cativeiros como o assírio e o babilônico, as influências gregas e agora o domínio letal de Roma. A cultura dominante do país era a judaica, mas também o grego koine era falado, e tornou-se um idioma importante. Era um país, portanto, com várias culturas: a hebraica, a grega e a romana. Roma respeitava bastante as instituições e peculiaridades dos povos que dominava. Mas mesmo assim exigiam os impostos. Os judeus viviam debaixo do jugo do Império Romano, que cobravam taxas altíssimas dos seus cativos.

Segundo Esdras Bento todos os cidadãos livres e escravos estavam condicionados ao pagamento de impostos. O Estado romano exigia um imposto fixo de cada um de seus súditos e a quantidade, modalidade e distribuição variava de lugar a lugar, dependendo da província e das colônias romanas. Além dos impostos destinados a Roma, também havia uma série de impostos municipais.
Vejamos alguns tipos de impostos nesse período:
Imposto pessoal ou “ tributum capitis”: Este variava de acordo com a região e aposição social da pessoa. Pagava-se dos doze até aos sessenta e cinco anos de idade. Segundo Marcos, parece que o imposto era cerca de um denário por pessoa (Mc 12.14s). Arens cita Hopkins afirmado que equivalia a cerca de quinze sestércios anuais, o equivalente a 33 kg de trigo, ou seja, mais ou menos, dez por cento do mínimo para subsistir.
Segundo o Evangelho de Lucas, por vezes, realizava-se recenseamentos a fim de calcular qual seria a soma total do tributum capitis (Lc 2.1s).
Tributos municipais: Estes constituíam a fonte para os gastos e manutenção e melhoria das cidades. Cobriam-se os salários dos administradores, dos mestres, dos engenheiros; gastos de construção e manutenção de edifícios, etc. Geralmente as coletas desses impostos eram feitas por meio de profissionais designados exclusivamente por Roma, os famosos publicanos, que segundo Arens, “exigia dos contribuintes mais do que estipulado, ficando com a diferença”.
No Oriente os impostos eram coletados por pessoas ricas e influentes na cidade chamadas de telônai, que entregavam o total nas mãos dos delegados romanos ou diretamente a Roma, garantindo a si mesmo um lucro sobre as contribuições (Lc 3.12s; 19.8s). Tanto os publicanos quantos os telônai eram odiados, tal como atesta os Evangelhos, por sua proverbial desonestidade, tendência ao abuso e a extorsão.
Os judeus não gostavam de pagar os impostos, pois a cobrança e o pagamento destes, documentava a pretensão romana de soberania sobre o país e sobre o povo. Israel, porém, considerava a Palestina não como pertencente aos romanos, mas a Deus, e por isso mesmo não podia servir a outro senhor.
No episódio de Marcos 12.13-17 a respeito do pagamento de impostos ao imperador ou não, teria evidentemente razões de ser apresentada na Judéia, pois no tempo de Jesus afirma Klaus Wengst,“só lá é que a questão do pagamento de imposto ao imperador, podia ser proposta com sentido; pois lá era cobrado o imposto imperial, mas não na Galiléia”.
Segundo Wengst, após a deposição de Arquelau, filho de Herodes, do cargo de etnarca da Judéia, Samaria e Iduméia, esta região foi submetida, no ano 6 d.C., a um procurador romano da classe dos cavaleiros, que estava submetido à supervisão do legado da província da Síria. Este ordenou um censo como base para a cobrança romana de impostos. Deve-se a cobrança dos impostos o surgimento dos zelotes, que se opunham abertamente contra os romanos, e que por fim, desembocou a guerra judaica de 66-70 d.C.
Caso Jesus afirmasse a recusa ao pagamento de impostos, apresentariam Jesus como agitador, e quem sabe, um zelota perante as autoridades romanas. Porém, eles eram hipócritas como descreve o texto, pois pagando eles os impostos, desejavam com sua pergunta forçar a Jesus a responder negativamente. Não podemos ignorar a malícia da pergunta, ao mesmo tempo que lembrar-nos que Jesus como Galileu não estava obrigado a pagar os impostos aos romanos tanto historicamente quanto socialmente. Um carpinteiro que não exercia a sua profissão (Mc 6.3), pescadores que abandonaram suas redes (Mc 2.14), nada ganham, e por isso, não podem ser chamados a pagar impostos pelo seu governante, no caso Herodes Antipas, e também não podem ser pelo funcionalismo romano
2º - AS EXPECTATIVAS PROFÉTICAS DO POVO JUDEU EM RELAÇÃO AO MESSIAS
A expectativa do povo para a chegada de um libertador era grande, alguém que os arrancasse com autoridade das mãos dos romanos. O povo estava cheio de esperança. E a esperança de Israel era notória, estampada em cada rosto de pessoas simples e humildes de que Cristo fosse o Messias Libertador tão aguardado. Alguns já anunciavam a chegada do Messias, outros continuavam a observá-lo aguardando outros sinais messiânicos realizados por Jesus para poderem confirmar as suas teses.
Nesta fase do ministério de Jesus muitos já sabiam que o Messias havia chegado, e o Messias esperado era Jesus.

Jesus é o Messias – Jesus é o Cristo – Jesus é o ungido de Deus

É imprescindível você entender que Jesus é o Messias, o Cristo, o ungido de Deus.

Israel aguardava um Messias político, guerreiro, que viesse para destronar Roma, e libertar Israel.

A Bíblia apresenta mais de 300 profecias no Antigo Testamento falando sobre o Messias, e segundo os judeus messiânicos são 456 passagens referentes ao mesmo.

E a aplicação messiânica das mesmas é apoiada por mais de 558 referências nos escritos rabínicos mais antigos.

As expectativas messiânicas eram grandes e inababescas.

No Machzo - Machzor Rosh HaShanah e Yom Kippurim, publicado pela Hebrew Publishing Company, NY r, no serviço de Mussaf para Yom Kippur, lemos uma oração conhecida como Az Milifnei Brechit, onde se diz:

Fomos exilados de nossa terra e removidos para longe do nosso solo natal por causa dos nossos pecados. Agora não podemos desempenhar nossas atividades na Casa que escolheste e no esplendoroso e santo Templo, sobre o qual o Teu Nome foi evocado, por causa da mão que estava estendida contra o Teu Santuário.’ “Nosso justo Messias afastou-se de nós; o horror tem se apoderado de nó e não temos quem nos justifique. Ele suportou o jugo de nossas iniqüidades e nossas transgressões e é ferido por nossas transgressões. Ele leva os nosso pecados sobre seus ombros para obter perdão das nossa iniqüidades.’ “Seremos curados por suas feridas quando o Senhor o fizer uma nova criação. Oh, Senhor, levanta-o dede Seir, para congregar-nos mais uma vez sobre o Monte do Líbano, pela mão de Yinon

E segundo o Talmud (TB San’hedrin 98b) Yinon é um nome do Messias.

Segundo Maimonides nem todos os que realizam prodígios ou milagres devem ser aceitos como profetas: apenas aquele indivíduo que já sabemos de antemão ser capaz para a profecia; i.e., sua sabedoria e suas [boas] ações superam as de todosseus contemporâneos. Se ele segue os caminhos da profecia em santidade,separando-se dos assuntos mundanos, depois realiza um milagre ou prodígios e afirma que foi enviado por D’us, é uma mitzvá escuta-lo, como [Deuteronômio 18.15] está escrito: “A ele ouvireis” (MAIMONIDES, 1995, p.37).


Vamos ver alguns textos bíblicos proféticos entre os vários

1.     Ele nasceria da semente da mulher – Gn 3.15

Gênesis 3: 15 - E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

2.     Seria da Tribo de Judá – Gn 49.10

Gênesis 49: 10 - O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos.

3.     Ele nasceria de modo especial – Is 7.14

Isaías 7: 14 - Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel.

4.     Pregaria as Boas Novas – O evangelho – Is 61.1

Isaías 61: 1 - O ESPÍRITO do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;

5.     Nasceria em Belém – Miq 5.2

Miquéias 5: 2 - E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.

6.     Seria rejeitado – Sl 2.2 / Dn 9.25,26

Salmos 2: 2 - Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o SENHOR e contra o seu ungido, dizendo:

Daniel 9: 25 - Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26 - E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações.

7.     Ele habitaria no meio do povo – Zc 2.10

Zacarias 2: 10 - Exulta, e alegra-te ó filha de Sião, porque eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz o SENHOR.

8.     Ele moraria em Cafarnaum – Is 9.1-7

Isaías 9: 1 - MAS a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galiléia das nações. 2 - O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz. 3 - Tu multiplicaste a nação, a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa, e como exultam quando se repartem os despojos. 4 - Porque tu quebraste o jugo da sua carga, e o bordão do seu ombro, e a vara do seu opressor, como no dia dos midianitas. 5 - Porque todo calçado que levava o guerreiro no tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue, serão queimados, servindo de combustível ao fogo. 6 - Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. 7 - Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto.

Estamos começando nosso estudo de mais um milagre de Jesus acompanhe conosco e até a próxima.

E nunca se esqueça aprenda com Jesus, mesmo que não acreditem em você, não debata, não brigue prove quem você é superando os seus limites. Deus acredita em você.

Pr. Ezequiel Barbosa

www.ezequielbarbosa.com


Comentários

  1. Amem! Maravilhoso esse estudo aqui postado e em riqueza de detalhes pelo o nobre Pastor Ezequiel . muito bom mesmo, que Deus continue lhe usando meu Pastor para enriquecer o conhecimento daquele que ama a transparência da palavra de Deus.

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